Widescreen Phenomena

Léo Mesquita Mundo Leave a Comment


Em março deste ano estava eu vendo BBB com minha mãe aqui no quarto e ela comenta comigo:
– O povo fica distorcido na sua TV, né? Todo mundo fica mais gordo, é esquisito.
Minha TV é uma LCD widescreen. O povo fica “mais gordo” porque o sinal que a TV recebe é 4:3, daí para evitar que minha tela fique com duas faixas pretas laterais eu configuro para que a imagem seja exibida em 16:9 (a proporção wide) que é, a propósito, a configuração default de toda TV wide. Logo, toda TV wide sai de fábrica esticando pessoas para os lados. Como imagino que 98% da população universal é suficientemente leiga para saber o que os números 16:9 e 4:3 significam nas configurações de seus televisores, eles permanecem intocados, logo, as pessoas passam a assistir programas esticados com pessoas esticadas (considerando que a maioria esmagadora das pessoas ainda recebe sinal 4:3 nas suas TVs, afinal, sinal wide é mais caro – e não amplamente disponível). Sabendo que TV, como nenhuma outra mídia, é a maior difusora de tendências, inclusive as estéticas, chego ao seguinte questionamento: Será que a popularização de TVs wide tem influenciado os padrões estéticos da sociedade? Será que o padrão estético da magresa tem cedido espaço, graças a TV wide, para o padrão estético onde pessoas-largas-deformadas-desproporcionais são mais aceitas? Será, em última instância, que a mulher melancia é fruto da TV wide? Tendo a crer que sim.

Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *